No more lies

Século XXI, era de desconfianças, olhos arregalados à espreita de tudo o que acontece. Pessoas andam sempre alertas, o medo é o que reflete nos olhos humanos que se cruzam pelas ruas das grandes metrópoles. A idéia de conjunto vai se perdendo e o individualismo regrado de medo é que toma conta de cada um de nós. Entretanto, caros leitores, este é um tempo de desconfianças porque é também um tempo de mentiras.
Todos os dias aceitamos as mentiras que nos são impostas, e acabamos por também mentir, seja para os outros ou para nós mesmos. Aceitamos a mentira de que há um padrão de beleza e que só ele deve ser seguido: você deve ser alta, magra, cabelos lisos, traços perfeitos e em alguns casos até será aceita se não possuir olhos claros. Aceitamos a mentira de que o planeta vai bem e que não importa se em minha casa há 2 ou mais carros, se moro a duas quadras do serviço e ainda sim prefiro enfrentar o trânsito, se não me importo com a reciclagem ou com o consumo consciente. Aceitamos mentiras de diversas formas, por diversas razões, mas creio eu, estimado leitor, que a pior delas é aquela em que insistimos em dizer no íntimo de nosso ser.
Criamos famílias desestruturadas, com base no egoísmo e na necessidade de não estar em solidão, em consequência criamos filhos, que acabarão por acreditar que egoísmo é sinônimo de amor, e que é válido prender e mentir para não se sentir sozinho. Criamos um mundo fantasioso, ilusório, repleto de mentiras, para alcançar o que julgamos ser felicidade. Mentimos quando tudo está definhando, insistimos em acreditar que não há nada e que é normal, mentimos para não aceitar quem realmente somos (ou quem deveríamos ser).
Hoje, venho clamar por um mundo verdadeiro, mais real e menos ilusório, menos egoísta e com mais amor. Um mundo em que uma adolescente não se veja no espelho como uma aberração, mas que entenda onde se encontra a verdadeira beleza. Um lugar onde casais fiquem juntos não para preencher vazios mas para promover a adição, um complementando a vida do outro. Uma humanidade mais sincera e talvez até mais... humana.

Por Fillipe Dória.